Copa na África do Sul, revista Veja novembro de 2007.
A confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo em 2014 reforçou a
discussão sobre a capacidade de organização e investimento do país. A África do
Sul, que será sede do Mundial em 2010, enfrenta atualmente problemas
semelhantes aos do Brasil, como falhas em infra-estrutura e altos índices de
criminalidade urbana. A experiência das autoridades sul- africanas na
realização da Copa pode, contudo, fornecer aos brasileiros informações
preciosas para 2014. Saiba mais sobre o evento sul-africano:
1. Quando a África do
Sul foi escolhida para receber o mundial? Em 15 de maio de 2004, numa votação realizada na sede da Fifa, em
Zurique, na Suíça. A África do Sul derrotou o Marrocos por 14 votos a 10. A
realização da primeira Copa em solo africano, porém, já estava praticamente
decidida havia muito tempo. Em outubro de 2002, o comitê-executivo da Fifa já
anunciava que o Mundial seria na África - o que praticamente garantia o status
de sede à África do Sul, o país com melhores condições de receber o evento
dentro do continente.
2. Por que
o país não enfrentou mais concorrentes fortes na disputa?
Porque a Fifa decidiu
adotar um rodízio de continentes para sediar a Copa - o objetivo era justamente
garantir a realização de Mundiais em países menos ricos e menos tradicionais no
futebol. A entidade máxima do futebol mundial levou o evento pela primeira vez
à Ásia (Coréia do Sul e Japão, em 2002) e abriu as portas para a realização do
torneio na África, em 2010, e no Brasil, em 2014. Como o objetivo já foi
cumprido, a Fifa decidiu enterrar o rodízio em 29 de outubro de 2007.
3. Quais
são os principais obstáculos para a
realização da Copa?
A África do Sul tem
problemas de infra-estrutura e pouco dinheiro para gastar com as obras, o que
torna mais prováveis os atrasos e falhas em construções de apoio, como centros
de imprensa e serviço de transporte, e nos próprios estádios. A escassez de leitos
para receber os turistas também preocupa - muitos visitantes terão de dormir em
albergues ou hotéis afastados. A criminalidade, porém, é o principal fator de
preocupação, tanto para os organizadores como para a Fifa.
4. A
violência urbana pode atrapalhar a
realização da competição?
O problema pode ofuscar o
brilho do evento, mas não deve impedir sua realização. O governo local promete
uma redução significativa nos índices de criminalidade antes da Copa. Mas a
temor provocado pela criminalidade pode esvaziar a festa: uma pesquisa feita
pelo próprio governo em julho de 2007 revelou que esse é o motivo mais citado
entre os torcedores que pensam em evitar viajar ao país para ver os jogos. O
número de turistas pode ficar um terço menor do que o esperado.
5. Mas as torcidas
estrangeiras têm razão em temer a
visita ao país? Sim. Conforme os números do próprio governo, a África do Sul tem cerca
de 19.000 homicídios por ano, além de cerca de 400.000 assaltos. Estatísticas
recentes revelam que crimes como assassinatos e roubos com agravantes estavam
em alta em meados de 2007.Os brasileiros encontrarão na África do Sul índices de homicídio
similares aos que são encontrados nas maiores cidades de seu país: a média
sul-africana é de 40 para cada 100.000 habitantes; a do Rio é de 57 mortes.
6. Quantos
visitantes os sul-africanos esperam receber no Mundial?
O governo espera atrair dez
milhões de turistas ao país no ano da Copa. O número representa um aumento de
quase 20% em relação ao total de visitantes de 2006, de 8,4 milhões. Só durante
o torneio, o esforço é para atrair quase meio milhão de estrangeiros. Também
será necessário acomodar os cerca de 3 milhões de sul-africanos que pretendem
viajar às cidades que receberão partidas. Por causa disso, muitos turistas
terão de se hospedar em albergues, casas e hotéis afastados.
7. Qual
será o investimento do país na Copa e
de onde virá o dinheiro?
O comitê que apresentou a
candidatura sul-africana a sede da Copa previa gasto total de 476 milhões de
dólares com infra-estrutura, estádios e segurança. O cálculo ficou muito abaixo
da realidade. Além disso, a participação do capital privado ficou abaixo do
previsto - assim, o governo deve arcar com boa parte das despesas. No começo de
2006, o governo anunciou que destinaria 1,1 bilhão de dólares ao evento (700
milhões só para os estádios, valor seis vezes maior que o estimado).
8. A
África do Sul construirá novos estádios
ou reformará os já existentes?
Por causa do estouro nas
contas, o número de estádios foi reduzido de treze para dez. Apenas três
estavam praticamente prontos para receber a Copa (Loftus Versveld, de Pretória,
Royal Bafokeng Stadium, de Rustemberg, e Ellis Park, de Johanesburgo). Outros três
seriam totalmente reformados (Soccer City, em Johanesburgo, Free State, de
Bloemfontein, e Peter Mokaba, de Polokwane). Quatro novas praças esportivas
serão erguidas em Durban, Cidade do Cabo, Port Elizabeth e Nelspruit.
10. Se a
construção dos novos estádios atrasar, o que pode acontecer?
Em maio de 2007, o
presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que já tinha algumas alternativas
para um possível fracasso da organização sul-africana - países como EUA,
Inglaterra e México estariam prontos para organizar o Mundial às pressas caso a
África do Sul não cumprisse suas obrigações. Em outubro de 2007, quase todas as
obras estavam atrasadas. Greves de operários são freqüentes. Apesar de todos os
problemas, a possibilidade de troca emergencial de sede é considerada remota.
A copa do mundo que
aconteceu em 2010 na África Do Sul trouxe grandes benefícios não só para a esse
país, mas para todo o continente africano. Tendo aumento de empregos,
melhorando as condições de vida. Dando oportunidade desse povo de mostrar sua
cultura e o desenvolver o país. E mostrando que a África em geral não vive só
de miséria e que também é importante para o mundo. Por João Vitor Sergio Gonçalves
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